Teoria Marxista da Dependência: um resgate do exílio
Formulada fora do Brasil por intelectuais e militantes brasileiros exilados, a Teoria Marxista da Dependência (TMD) se posicionou no fim dos anos 60 e durante a década de 70 como um dos paradigmas da ciência social latino-americana. Ruy Mauro Marini, Theotônio dos Santos, Vânia Bambirra constituíram o núcleo duro de um pensamento atrevido, rebelde, original, um verdadeiro revolucionamento dentro do importante processo de reflexão própria, que já vinha sendo construído desde cedo por José Carlos Mariátegui, Caio Prado Jr., os pensadores cepalinos, até atingir a produção teórica de André Gunder Frank – autor alemão que abre o caminho para os próprios teóricos da dependência.
Porém, quando se olha em retrospectiva, no Brasil a produção dos mencionados Vânia, Theotônio e Marini – essencialmente identificada com a perspectiva crítica e radical do marxismo latino-americano – foi jogada no ostracismo e aí permaneceu por largo período.
Pelo menos duas gerações de cientistas sociais, economistas e historiadores brasileiros formaram-se em seus respectivos campos científicos à revelia do debate que ocorreu em toda a América Latina entre Cardoso e seus adversários marxistas, cujos textos sequer circulavam no país, em contraste com os do ex-presidente, que, por fim, obteve o monopólio do debate, tornando-se a principal fonte de acesso às ideias – desvirtuadas em suas mãos, naturalmente – de Marini e seus parceiros intelectuais.
Assim, no bojo dos esforços verificados nos últimos quinze anos de resgatar essas figuras do isolamento a que foram submetidas pela ditadura e com o aval da academia, realizaremos entre os dias 20 e 22 de setembro, simbolicamente na Universidade de São Paulo, o Seminário Teoria Marxista da Dependência: um resgate do exílio. Fazê-lo é, acima de tudo, uma exigência histórica tão urgente, quanto necessária. Os estudantes e pesquisadores da Universidade de São Paulo e da FFLCH, que ainda é assombrada pela medonha imagem de ex-sociólogo e ex-presidente, merecem saber, ainda que pelas mãos de um seminário e não da grade curricular, que existe vida teórica sistematizada, rebelde, ousada e com olhar próprio da América Latina. Daí a necessidade de seu resgate do exílio.
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